Com o objetivo de valorizar o patrimônio cultural, produtivo e econômico de Pernambuco, um investimento de R$ 2,9 milhões será aplicado em um projeto conjunto entre a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) e o Sebrae/PE. A iniciativa, lançada nesta quinta-feira (10), vai reconhecer 13 novas Indicações Geográficas (IGs) para o estado.

O foco do projeto é identificar, estruturar e solicitar o registro das IGs junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), ampliando o reconhecimento de produtos genuinamente pernambucanos.

Do bolo de rolo à renda renascença: tradição e identidade em destaque

Entre os produtos selecionados para estudo estão verdadeiros símbolos da identidade regional, como:

• Bolo de rolo e bolo Souza Leão
• Artesanato de barro de Caruaru e Tracunhaém
• Renda renascença de Poção
• Mel do Araripe
• Abacaxi de Pombos
• Café de Triunfo
• Manta caprina de Dormentes
• Queijo coalho artesanal do Agreste e Araripe
• Artesanato em madeira de Sertânia
• Bolo de noiva pernambucano

A iniciativa prevê ainda a criação de signos distintivos e cadernos técnicos para cada IG, além da formalização das entidades representativas de cada território produtor.

Etapas do projeto: da pesquisa ao registro no INPI

O cronograma de execução será dividido em quatro etapas principais, com previsão de conclusão até 2026:

1. Diagnóstico das cadeias produtivas
2. Estruturação das IGs (levantamento cultural, técnico e legal)
3. Submissão dos pedidos ao INPI
4. Acompanhamento dos processos de registro

Na fase de estruturação, serão realizadas ações de sensibilização dos produtores locais, levantamento histórico-cultural, delimitação da área geográfica e definição dos critérios de produção.

Mais confiança para o consumidor e mais valor para o produtor

Segundo Roberta Andrade, analista do Sebrae/PE e gestora do projeto, a Indicação Geográfica (IG) é um instrumento de diferenciação que amplia a confiança do consumidor e valoriza os territórios produtores.

“Além de preservar os modos de fazer e fortalecer a identidade local, o reconhecimento como IG promove a melhoria contínua dos produtos e atrai novos investimentos”, destaca Roberta.

Ela também aponta o potencial turístico como desdobramento futuro: roteiros de experiência que permitam ao visitante vivenciar a história, cultura e produção artesanal desses produtos.

Pernambuco quer liderar o avanço das IGs no Brasil

Atualmente, o estado possui apenas três IGs registradas:

• Vinhos do Vale do São Francisco
• Uvas e Mangas de Petrolina
• Porto Digital, no Recife

Em comparação com a Europa, onde existem mais de 3 mil produtos com IG, o Brasil ainda está no início dessa jornada, com 131 IGs até agora — muitas delas nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.

Declarações de liderança: Sebrae e Adepe reforçam compromisso com o território

Para Murilo Guerra, superintendente do Sebrae/PE, o projeto representa um salto estratégico na valorização do regionalismo e na competitividade de pequenos negócios.

“O reconhecimento das Indicações Geográficas protege o conhecimento tradicional ao mesmo tempo em que agrega valor aos produtos e serviços locais”, enfatiza.

Já o presidente da Adepe, André Teixeira Filho, enxerga a iniciativa como uma alavanca para os arranjos produtivos locais:

“É missão da Adepe fomentar o desenvolvimento em todos os 184 municípios. Este projeto destaca os produtos mais relevantes e mostra o valor do que é produzido em Pernambuco. O crescimento do PIB do estado reforça a importância de ações como essa.”