Em um movimento inédito, Náutico, Retrô, Santa Cruz e Sport divulgaram uma nota conjunta solicitando a utilização do árbitro de vídeo (VAR) em todas as partidas do Campeonato Pernambucano 2025 que envolvam ao menos um dos quatro clubes. Além disso, os times pedem a escalação de árbitros de fora do quadro local, alegando que as medidas garantirão maior justiça e equilíbrio na competição.
No entanto, segundo Evandro Carvalho, presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), apenas uma das medidas poderia ser viabilizada, e ambas teriam um custo financeiro elevado para os clubes solicitantes.
Justificativa dos Clubes e o Pedido de Maior Transparência
A solicitação ocorre em meio a um crescente debate sobre a qualidade da arbitragem no futebol pernambucano. No comunicado oficial, os clubes argumentam que as medidas são necessárias para minimizar falhas e erros dos árbitros, tornando o campeonato mais íntegro para todos os participantes.
"As medidas são adotadas com o objetivo de garantir uma competição mais justa e equilibrada entre todos os 10 clubes", afirmam os clubes na nota.
O pedido ganhou força após a Comissão Estadual de Árbitros de Futebol de Pernambuco (Ceaf/PE) reconhecer um erro na vitória do Náutico sobre o Petrolina por 2x1, nos Aflitos. O lance polêmico envolveu um gol irregular marcado por Paulo Sérgio, após a bola bater no braço de Bruno Mezenga. Como consequência, a árbitra da partida, Déborah Cecília, e o assistente, José Romão, foram afastados por tempo indeterminado.
A Ceaf-PE justificou a decisão, afirmando que busca constantemente a qualificação da arbitragem no estado.
“Essa medida visa reforçar a capacitação técnica e garantir a evolução contínua da arbitragem em Pernambuco. Seguiremos firmes no propósito de mediar o espetáculo esportivo com excelência e imparcialidade”, informou a comissão.
Posição da FPF: VAR Apenas no Mata-Mata e Custo Alto para Árbitros de Fora
A FPF, por sua vez, destacou que a decisão sobre a utilização do VAR no campeonato já havia sido definida antes do início da competição, em reunião com os clubes. Conforme acordado, o recurso seria utilizado apenas nos jogos eliminatórios do mata-mata.
Evandro Carvalho explicou que a implementação do VAR desde a fase de grupos teria um impacto financeiro significativo, estimado em R$ 2 milhões. Caso fosse adotado, os clubes teriam a verba reduzida, o que inviabilizaria a medida para a maioria das equipes.
“Dos 10 clubes, seis optaram por ter o árbitro de vídeo somente no mata-mata porque, se tivesse antes, o valor que a federação teria de arcar ia ocasionar a diminuição da verba recebida por essas equipes", explicou Evandro.
Sobre a possibilidade de utilizar árbitros de fora do estado, Evandro destacou que a opção existe, mas ressaltou que o custo de um trio de arbitragem de fora pode chegar a R$ 40 mil por partida.
“Os clubes podem solicitar, mas quem vai pagar? Retrô e Sport até poderiam arcar com os custos, mas e o Santa Cruz? Não vejo esse cenário acontecendo”, ponderou o presidente da FPF.
Contexto Atual e Próximos Passos
Enquanto o impasse segue, a FPF confirmou a escala de arbitragem para os jogos da quinta rodada do Campeonato Pernambucano. Confira os árbitros designados:
A polêmica sobre o uso do VAR e árbitros de fora promete se estender ao longo da competição. Resta saber se os clubes estarão dispostos a bancar os custos ou se aceitarão manter o regulamento previamente definido.
Com o campeonato ainda em sua fase inicial, a pressão por transparência e justiça na arbitragem se intensifica, colocando a FPF e os clubes em lados opostos nessa disputa por maior credibilidade no futebol pernambucano.