A greve dos motoristas de ônibus na Região Metropolitana do Recife, iniciada na manhã desta segunda-feira (12), já está causando um impacto considerável na mobilidade urbana. A paralisação, que afeta diretamente mais de 1,2 milhão de passageiros, resultou em uma diminuição de 50% no número de usuários do metrô, segundo dados divulgados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
Redução de Passageiros no Metrô
De acordo com a CBTU, a queda no fluxo de passageiros se deve à integração do sistema de transporte, onde uma grande parte dos usuários do metrô chega às estações por meio das linhas de ônibus. "Quando há greve de ônibus, as estações do Metrô do Recife ficam esvaziadas, pois o grande fluxo de passageiros do sistema é oriundo da integração com as linhas de ônibus", afirmou a companhia em nota oficial.
Ainda segundo a CBTU, existe a possibilidade de estender o horário de pico até às 9h30, aumentando a circulação de trens para tentar atender a demanda dos passageiros que enfrentam dificuldades para se deslocar.
Greve e Seus Impactos
Nas primeiras horas da paralisação, apenas 23% da frota de ônibus estava em operação, conforme informações do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE). A baixa quantidade de veículos nas ruas tem gerado filas enormes nos terminais integrados, como o Terminal Integrado da Joana Bezerra, no centro do Recife, que atende a mais de 40 mil usuários em 11 linhas diferentes.
A Urbana-PE já sinalizou que pretende acionar a Justiça para buscar uma resolução para a greve, que teria sido exacerbada pelo bloqueio das garagens de ônibus por parte do Sindicato dos Rodoviários, impedindo a circulação da frota e o trabalho de profissionais que não aderiram à paralisação.
Contexto e Reivindicações
A greve foi deflagrada após uma série de negociações infrutíferas entre os rodoviários e a Urbana-PE. Os trabalhadores rejeitaram a proposta da empresa de um aumento salarial de 0,5% acima da inflação, além de um vale-alimentação de R$ 400 e um abono de R$ 180 para os motoristas que exercem dupla função. Os rodoviários exigem um reajuste real de 5%, a implementação de um plano de saúde, a revisão do controle de horas trabalhadas e um vale-alimentação de R$ 720.
A Urbana-PE, por sua vez, criticou a postura do sindicato, alegando que o bloqueio das garagens descumpre a determinação de uma frota mínima de 70% e infringe a Lei de Greve (Lei 7.783/89). Além disso, a empresa destacou a presença de grupos políticos e pessoas de outros estados envolvidos na paralisação, sem relação direta com a categoria local.
Conclusão
A greve dos rodoviários no Grande Recife, que já atinge milhares de pessoas, continua sem previsão de término. Com as negociações ainda em impasse e a população enfrentando dificuldades para se deslocar, os próximos dias serão decisivos para definir o futuro do movimento e os impactos na mobilidade urbana da região.