A Usina Termelétrica Suape II, localizada no Porto de Suape, em Pernambuco, entrará para a história ao se tornar a primeira do mundo a operar com etanol. A mudança faz parte de um projeto inovador da empresa finlandesa Wärtsilä, que fornecerá o motor a etanol, previsto para chegar à usina no terceiro trimestre de 2025.
A transição do óleo combustível para o biocombustível será aplicada inicialmente em uma das unidades da térmica, como um teste pioneiro para avaliar a viabilidade dessa tecnologia em larga escala.
Testes Operacionais e Expectativas
O programa de testes está previsto para começar em abril de 2026, com duração de 4 mil horas – aproximadamente cinco meses e meio de operação contínua. Durante esse período, os especialistas avaliarão o desempenho do motor e a eficiência da geração de energia utilizando etanol.
Atualmente, a Suape II tem capacidade instalada para gerar 381 megawatts (MW). A Wärtsilä afirma que o objetivo é validar se o etanol pode ser utilizado sem comprometer a eficiência da planta, garantindo um fornecimento estável e sustentável de eletricidade.
Compromisso com a Descarbonização
O presidente da Wärtsilä Brasil, Jorge Alcaide, destaca a relevância desse projeto para a transição energética:
“A substituição busca contribuir com a descarbonização da matriz elétrica, aproveitando um combustível renovável, de produção local e com menor impacto ambiental.”
O investimento faz parte do programa global de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Wärtsilä, que recebeu aportes de € 296 milhões em 2024. O teste também conta com o suporte da agência Business Finland, por meio do programa de energia sustentável WISE (Wide and Intelligent Sustainable Energy).
Parcerias e Estrutura do Projeto
A térmica Suape II tem como acionistas a Suape Energia, do Grupo 4M (80%) e a Petrobras (20%). A Wärtsilä não possui participação acionária, atuando exclusivamente como fornecedora da tecnologia e parceira nos testes operacionais.
O valor do investimento para a adaptação da usina não foi divulgado, mas espera-se que a iniciativa abra caminho para futuras regulamentações que incentivem o uso de biocombustíveis na geração elétrica.
Etanol como Alternativa para o Futuro Energético
O Brasil, líder na produção de etanol, pode se beneficiar amplamente desse projeto. Hoje, a maioria das usinas termelétricas no país utiliza gás natural, óleo combustível ou diesel, todos derivados do petróleo e altamente poluentes. O gás natural, embora menos agressivo ao meio ambiente, ainda não é uma solução totalmente limpa.
A Wärtsilä acredita que a experiência da Suape II poderá embasar decisões regulatórias e influenciar políticas públicas, favorecendo a inclusão do etanol como uma opção viável nos leilões de energia térmica.
“A iniciativa pode demonstrar que o etanol tem potencial para fortalecer a segurança energética do país, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e gerar empregos no setor de biocombustíveis”, enfatiza Alcaide.
Leilão de Capacidade em 2025 e Perspectivas
O governo brasileiro realizará um leilão de contratação de energia térmica a biocombustível ainda este ano, reforçando o compromisso com fontes renováveis e limpas. A Wärtsilä já manifestou interesse em participar do leilão de capacidade de 2025, apresentando projetos baseados em biodiesel, combustível para o qual a empresa já possui motores homologados.
Com essa inovação, Pernambuco e o Brasil avançam na busca por soluções energéticas mais sustentáveis, posicionando-se na vanguarda da transição para um setor elétrico mais limpo e eficiente.