A prolongada estiagem em Pernambuco levou o governo estadual a decretar, na última terça-feira (21), situação de emergência em 117 dos 184 municípios do Estado. A medida, publicada no Diário Oficial, reflete a gravidade do cenário e tem validade de 180 dias.
A decisão afeta tanto zonas rurais quanto urbanas, com 27 municípios incluídos em ambas as categorias. Essa é uma ampliação do decreto de dezembro de 2024, que já contemplava 94 cidades em estado de alerta devido à falta de chuvas.
Objetivo do decreto e impactos nos reservatórios
O decreto visa minimizar os efeitos da seca nos reservatórios e na rede de abastecimento de água, que enfrenta sérias dificuldades. A barragem de Goitá, na Mata Norte, opera com apenas 4,6% de sua capacidade. Já as barragens Bita e Utinga, que abastecem a Região Metropolitana do Recife, têm volumes de 19% e 9,7%, respectivamente.
No Agreste, a situação é ainda mais crítica: a barragem de Jucazinho está em colapso, acumulando apenas 5,8% de seu volume total.
Segundo a Apac (Agência Pernambucana de Águas e Clima), dos 92 reservatórios monitorados no Estado, 18 estão em colapso e apenas cinco estão vertendo.
Ações emergenciais e gestão integrada
Para enfrentar a crise hídrica, o Governo de Pernambuco conta com esforços integrados de órgãos como a Compesa, Defesa Civil, Apac e a Secretaria de Recursos Hídricos e Saneamento.
Entre as ações emergenciais destacam-se:
Desde janeiro de 2023, já foram entregues 20 sistemas simplificados de abastecimento e recuperados 300 dessalinizadores, com investimento de R$ 31,7 milhões. Para 2025, está prevista a instalação de 400 novos dessalinizadores e 600 poços artesianos.
Declarações das lideranças estaduais
A governadora Raquel Lyra ressaltou a gravidade da situação e destacou o empenho das equipes no combate à seca:
“É um momento crítico de estiagem severa. Este decreto permitirá a aceleração de medidas de socorro, principalmente na Região Metropolitana e no Agreste.”
O secretário estadual de Recursos Hídricos, Almir Cirilo, enfatizou a importância de uma gestão eficiente da água disponível:
“Estamos adotando medidas que garantam o melhor uso da água e avançando em obras que possam aliviar o desabastecimento.”
Por sua vez, o presidente da Compesa, Alex Campos, pediu o engajamento da sociedade:
“Além das ações emergenciais, é fundamental o uso racional da água para garantir a continuidade do abastecimento até a recuperação das barragens, prevista para o período chuvoso.”
Previsão climática preocupa autoridades
As perspectivas para o primeiro trimestre de 2025 são desafiadoras. De acordo com a Apac, as chuvas devem ocorrer abaixo da média, com pancadas isoladas no Sertão e longos períodos secos nas demais regiões.
Segundo a diretora da Apac, Crystianne Rosal, o momento exige articulação com diferentes esferas governamentais:
“Estamos ampliando a cooperação com órgãos municipais, estaduais e federais para enfrentar os efeitos adversos da seca.”
Lista dos municípios afetados
Zona Rural
Municípios como Afogados da Ingazeira, Caruaru, Petrolina e Salgueiro estão entre os 93 que enfrentam dificuldades no abastecimento rural.
Zona Urbana
A lista inclui Caruaru, Gravatá, Toritama e Vitória de Santo Antão, totalizando 51 municípios com dificuldades no perímetro urbano.
Municípios em ambas as zonas
Entre os 27 municípios que aparecem nas duas listas estão Limoeiro, Cumaru, Surubim e Santa Maria do Cambucá.
Cenário crítico e medidas de esperança
A estiagem em Pernambuco representa um desafio histórico, exigindo esforços coordenados e soluções inovadoras para garantir o abastecimento de água. Com ações emergenciais em andamento e o envolvimento da sociedade, o governo busca reduzir os impactos da crise e oferecer alívio às populações mais afetadas.
A expectativa agora recai sobre as chuvas do inverno, que podem aliviar a pressão sobre os reservatórios e devolver ao Estado uma perspectiva de normalidade hídrica.