A Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco realizou, nesta quarta-feira (23), uma importante reunião no Centro Integrado de Comando e Controle Estadual (CICCE) com representantes das Polícias Militar e Civil, além de delegados e especialistas, para discutir novas estratégias de enfrentamento à violência contra a mulher e ao feminicídio no estado.
Durante o encontro, foram apresentados os índices do primeiro trimestre de 2025 e debatidas ações integradas entre a SDS, o Judiciário, a Secretaria da Mulher e outras entidades envolvidas na Rede de Enfrentamento à Violência de Gênero.
Tecnologia e integração como aliadas no combate à violência
Uma das medidas destacadas foi a ampliação do uso das Unidades Portáteis de Rastreamento (UPRs) — dispositivos entregues a mulheres vítimas de violência, principalmente quando o agressor está sob monitoramento por tornozeleira eletrônica. Os equipamentos alertam por som e vibração quando o agressor se aproxima, descumprindo ordens judiciais de distanciamento.
A secretária executiva da SDS destacou o avanço no uso dessas tecnologias e a importância da ação conjunta:
“Seguimos empenhados em combater a violência contra as pernambucanas, com medidas efetivas como o aumento das UPRs e maior articulação com o Judiciário. Pernambuco tem índices expressivos de resolução de feminicídios, o que demonstra nosso compromisso com o tema”, afirmou.
Patrulha Maria da Penha e ações preventivas ganham mais força
Durante o evento, foi apresentada a ampliação da atuação da Patrulha Maria da Penha, que além de monitorar casos com medidas protetivas, vem intensificando ações de educação e conscientização em escolas, empresas e espaços públicos.
A coronel Cristiane Vieira, da Polícia Militar, reforçou a importância do trabalho preventivo:
“Não basta reagir. Atuamos também na prevenção, inclusive com ações voltadas aos homens, para que compreendam que a violência contra a mulher é inadmissível em Pernambuco”.
Experiência de Caruaru como exemplo de integração bem-sucedida
Outro destaque foi a apresentação do Núcleo de Informações Estratégicas e Cumprimento de Ordens Judiciais (NIOJ) Maria da Penha, instalado em Caruaru. O núcleo é fruto da parceria entre o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), a Secretaria da Mulher municipal, a SDS e a Polícia Militar.
O objetivo é dar celeridade na execução de mandados judiciais, especialmente medidas protetivas, garantindo mais agilidade e proteção às vítimas.
Feminicídios: desafio ainda preocupante em Pernambuco
Apesar das ações e avanços na investigação e proteção, os números seguem altos. Em 2024, Pernambuco liderou o ranking de feminicídios no Nordeste, com 167 registros, segundo a Rede de Observatórios da Segurança. O levantamento considerou também transfeminicídios e homicídios de mulheres, colocando o estado atrás apenas de São Paulo no cenário nacional.
Ainda de acordo com o boletim "Elas Vivem: um caminho de luta", foram 312 crimes violentos contra mulheres em Pernambuco no ano passado — uma redução de 2,2% em relação a 2023, mas ainda considerada pequena diante da gravidade da situação.
Integração e escuta ativa para frear os números
A delegada Bruna Falcão, gestora do Departamento de Polícia da Mulher (DPMUL), reforçou a importância da articulação entre todas as esferas da segurança e da rede de apoio:
“Nos debruçamos sobre cada caso grave, avaliando individualmente os feminicídios consumados e tentados, para traçar estratégias integradas de prevenção. Só com diálogo e união entre forças de segurança e instituições da sociedade civil podemos evitar que novas tragédias ocorram”.