A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e a Fundação Araripe anunciaram, nesta segunda-feira (28), uma das maiores ações de reflorestamento da Caatinga em Pernambuco: o plantio de 500 mil mudas de espécies nativas do bioma exclusivamente brasileiro.

A iniciativa integra o projeto “Reflorestando Unidades de Conservação e suas Zonas de Amortecimento para Restaurar a Biodiversidade e Fortalecer as Iniciativas Socioprodutivas da Caatinga”, dentro do Programa Plantar Juntos, que visa recuperar áreas degradadas e promover resiliência climática, conservação ambiental e geração de renda.

Caatinga cobre 70% de Pernambuco e é fundamental para o equilíbrio ambiental e econômico

A Caatinga, que cobre aproximadamente 70% do território pernambucano, enfrenta há décadas os efeitos do desmatamento e das mudanças climáticas. Além de ser vital para a biodiversidade, o bioma é fonte de sustento para cerca de 200 mil famílias, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

Para o diretor-presidente da CPRH, Anchieta Santos, a iniciativa representa um passo concreto na restauração ambiental:

“Essas ações sustentáveis em Unidades de Conservação e suas Zonas de Amortecimento promovem a reabilitação do ecossistema nativo e contribuem para uma atmosfera mais saudável, alinhando-se ao compromisso de Pernambuco com a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.”

Etapas do plantio e áreas atendidas

O projeto atuará em 11 das 15 Unidades de Conservação da Caatinga em Pernambuco, com a meta de recuperar 370 hectares de vegetação nativa. No primeiro ciclo, 280 mil mudas estão sendo produzidas em sete viveiros, sendo que 45 mil já foram plantadas em seis áreas de conservação.

Unidades de Conservação já contempladas:

• APA Chapada do Araripe
• Floresta Nacional (FLONA) Negreiros
• Mata da Pimenteira
• Parque Nacional do Catimbau
• Parque Estadual Serra do Areal

Ao todo, o projeto prevê plantio e monitoramento de meio milhão de mudas, contribuindo com serviços ecossistêmicos essenciais, como proteção de nascentes, sequestro de carbono, alimentação da fauna e recuperação de solos.

Sociobioeconomia: produção familiar e geração de renda

Segundo o coordenador-geral do projeto e diretor técnico da Fundação Araripe, Francisco Campello, a ação também tem impacto direto na vida dos pequenos produtores:

“A pecuária extensiva, a apicultura, a meliponicultura e o extrativismo são práticas fundamentais na Caatinga. Restaurar o bioma é garantir sustento, alimento e equilíbrio para essas famílias.”

O reflorestamento será aliado à capacitação em técnicas de manejo e produção sustentável, fortalecendo a agricultura familiar e promovendo segurança alimentar, hídrica e social.

Rede colaborativa fortalece a execução do projeto

Para ampliar o alcance e eficiência do projeto, foi criada uma rede institucional de execução composta por sete parceiros:

• Fundação Araripe (coordenação geral)
• AGENDHA – Assessoria e Gestão em Estudo da Natureza
• CAATINGA – Centro de Apoio a Trabalhadores e ONGs
• SERTA – Serviço de Tecnologia Alternativa
• AGRODÓIA – Associação de Agricultores/as da Serra dos Paus Dóias
• Univasf – Universidade Federal do Vale do São Francisco
• IFP – Instituto Federal do Piauí
• ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

“Essa rede de parcerias permitirá capacitações, intercâmbio de conhecimento e monitoramento das atividades com maior impacto na restauração do bioma”, afirmou Roberval Véras, supervisor geral do projeto.

Unidades de Conservação que integram o projeto

O projeto alcançará as seguintes Unidades de Conservação:

• PE Serra do Areal (Petrolina – 1.596 ha)
• RVS Riacho Pontal (Petrolina – 4.819 ha)
• ESEC Serra da Canoa (Floresta – 7.598 ha)
• RVS Serras Caatingueiras (Cabrobó e Salgueiro – 21 mil ha)
• APA Chapada do Araripe (375 mil ha nos estados PE, CE e PI)
• FLONA Negreiros (Serrita e Parnamirim – 3 mil ha)
• PARNA do Catimbau (Buíque, Tupanatinga e Ibimirim – 62 mil ha)
• PE Mata da Pimenteira (Serra Talhada – 887 ha)
• REBio Serra Negra (Floresta, Inajá e Tacaratu – 625 ha)
• RVS Cabeceiras do Capibaribe (Jataúba e Poção – 6.900 ha)
• APA Serras e Brejos do Capibaribe (74 mil ha no Agreste)

Compromisso com o futuro da Caatinga

O Projeto Plantar Juntos é uma ação estratégica do Governo de Pernambuco em conjunto com organizações técnicas e ambientais, visando garantir um futuro sustentável para o semiárido. Ele alia ciência, tecnologia, conservação e desenvolvimento social em uma das regiões mais desafiadoras do Brasil.